quinta-feira, 2 de junho de 2011

"E EIS QUE CHEGA A RODA VIVA E VAIS NOS LEVANDO ..."

Por Conceição Cintra – A roda viva no Tribunal de Justiça de Pernambuco


Extraído do Blog do Jamildo
Por Maria da Conceição Barbosa Cintra, assistente social, especial para o Blog do Jamildo
O Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco (TJPE) possui uma rotatividade de pessoal muito alta. Por rotatividade de pessoal estamos entendendo a relação entre as admissões e os desligamentos de funcionários ocorridos de forma voluntária ou involuntária, em um determinado período. A forma voluntária de desligamento se dá pela desistência ou por pedido de exoneração. A desistência se dá por decurso de prazo legal para a posse, sem que esta se realize; ou quando o candidato nomeado declara que não tem interesse em tomar posse no cargo público, e manifesta expressamente renúncia. A exoneração de cargo público efetivo dar-se-á a pedido do servidor, ou de ofício. A forma involuntária decorrerá de exoneração; demissão; promoção; aposentadoria; posse em outro cargo inacumulável e falecimento.
O último concurso para servidores do TJPE foi realizado em 2007 e, desde o seu nascedouro, muitos dos convocados desistiram de assumir a vaga, ou por não atenderem à convocação, ou embora atendendo ao chamado, comparecerem unicamente para manifestar o seu desinteresse na assunção do cargo público. Além do que, muitos que assumiram os cargos nestes últimos quatro anos já pediram exoneração.
Para que tenhamos uma noção exata da rotatividade picamos alguns dados que demonstram cabalmente do que estamos falando: até 13 de maio de 2011 foram nomeados 2.430 técnicos judiciários, 161 técnicos judiciários de área específica, 1.181 analistas judiciários, 316 analistas de áreas específicas e 637 oficiais de justiça. Se compararmos esses números com a tabela encontrada no portal Transparência TJPE referente aos padrões “A” e “B” dos servidores de cargos efetivos, que corresponde aos nomeados do concurso de 2007, os técnicos TPJ totalizam 1.565; analistas, 1.033 e, oficiais de justiça, 460. Assim, observamos que: dos 2.430 técnicos convocados 865 desistiram ou pediram exoneração, ou seja, 35,59%; dos 1.497 analistas, 464, o equivalente a 30,99% e, dos 637 oficiais de justiça, 177, ou seja, 27,78%. Em média há uma rotatividade de pessoal na ordem de 31,45% dos convocados. Será que algum desembargador, juiz ou gestor de recursos humanos alguma vez já se perguntou das razões de tanta rotatividade de pessoal no TJPE?
Do meu ponto de vista a decisão do funcionário deixar o TJPE é influenciada por diversos fatores, dentre eles cabe destacar: insatisfação quanto à política salarial; ofertas mais atraentes em outros órgãos públicos; política de benefícios insuficientes; falta de política e estratégias para crescimento, aprendizagem e carreira; o tipo de relacionamento humano dentro da organização; as condições de trabalho; falta de Reconhecimento; entre outros.
Os ilustres gestores do TJPE deviam saber que a rotatividade de pessoal gera custos e impactos financeiros, de tempo e de recursos, tais como: perda de produtividade; de capital intelectual; que além de perdas financeiras, sobrecarrega os pares; aumento de acidentes e doenças; impacta na motivação das pessoas, no comprometimento, interferindo na credibilidade e na imagem do órgão, entre outros.
É sabido que as organizações interessadas em diminuir a rotatividade de pessoal devem considerar a idéia de aumentar os salários, esclarecer bem os papéis e exigências do trabalho, tornar o trabalho mais gratificante e conseguir fazer com que seus funcionários percebam vantagens em trabalhar nela e não em outra qualquer. Um plano de cargos, carreiras e vencimentos é um elemento fundamental e, deve atender a esses requisitos, pois sem um quadro de pessoal estável muito dificilmente haverá boa prestação jurisdicional.
Por fim, nesse momento em que os servidores da justiça estão em campanha salarial nada seria mais razoável do que o atendimento às demandas da categoria, pois o contrário implicará na ampliação da rotatividade de pessoal e trará reflexos negativos na produção, no clima organizacional e no relacionamento interpessoal já tão esgarçados nesta instituição.

Fonte: SINDJUD/PE.
Publicado em MeirinhoMor.Of por RUI RICARDO RAMOS.

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