sexta-feira, 24 de junho de 2011

REINTEGRAR NA POSSE: MISSÃO ÁRDUA PARA O FICIAL DE JUSTIÇA.

Invasores devem deixar casas até segunda-feira 

Murilo Gatti  
 
De porta em porta e com escolta da Guarda Municipal, um oficial de Justiça numerou as casas e notificou as famílias que invadiram as 42 casas populares ao lado das Moradias Atenas, na zona oeste de Maringá, a deixarem as residências até as 8h de segunda-feira, quando a Prefeitura de Maringá informou que vai realizar a desocupação dos imóveis.

Com o mandado de reintegração de posse concedido ontem pela 6ª Vara Cível, o município já poderia ter iniciado o processo de retirada das famílias, mas, para evitar confrontos e sem a possibilidade de mobilizar a Polícia Militar para garantir a segurança, o município preferiu adiar o processo de desocupação.

As famílias prometem se organizar e pretendem entrar com um mandado de segurança para continuar nas casas, que começaram a ser invadidas depois que as obras do conjunto popular foram paralisadas.

"Vamos atrás de um advogado para entrar com o mandado. Se sairmos daqui, vamos para onde? Para a rua?", questionou Erivelto Santos, 31 anos, que há 20 dias ocupou uma casa com a esposa e dois filhos.

Casado e com três filhos, o pedreiro Juvelino Ribeiro Jesus viu as casas serem invadidas e decidiu participar do movimento. Quando chegou, a casa tinha só as paredes. "Estava tudo abandonado, largado no meio do mato. Se não vão acabar de construir, por que não deixam a gente aqui?", questionou, enquanto consolava a filha de 9 anos, que o abraçava e não conseguia conter as lágrimas.

Nas últimas duas semanas, Jesus trabalhou no local, fez a cobertura da casa, arrumou a fiação e instalou janelas. "Podemos acabar de construir e estamos dispostos a pagar. Por que não acomodam as famílias aqui?"


Rafael Silva

As 42 famílias têm até segunda-feira para deixar os imóveis; muitas fizeram melhorias das residências

Contemplados

Ester Alves também começou a investir no imóvel e, segundo ela, conseguiu inclusive a ligação da energia elétrica junto à Copel. Ela afirma que , em 2007, foi contemplada pela prefeitura a ocupar aquele endereço e que a promessa do município era entregar os imóveis em 2008. "Sempre acompanhei as obras e, quando vi outras casas invadidas, entrei para garantir a minha", disse.

Ester afirma que está cansada de esperar e que não pretende sair do imóvel. "Espero a oportunidade de ter uma casa própria desde 1993, quando fiz minha inscrição na prefeitura. Estou disposta a ficar e terminar a construção."

A situação de Ester é muito semelhante a de Neusa Pereira dos Santos. "Entrei na minha casa para ninguém entrar. Estou esperando por isso desde 2008 e, agora, só quero a oportunidade de terminar de construir. Já colocamos os vidros, fizemos o contrapiso e colocamos o telhado. Não queremos sair mais", disse.

De acordo com a Procuradoria Geral da Prefeitura de Maringá, mesmo as famílias contempladas vão ter que deixar as casas. A medida vai ser tomada para que o município possa concluir a construção dos imóveis.


Crianças

Entre as famílias, há cerca de 60 crianças e 5 mulheres grávidas. Para evitar a exposição dessas pessoas a situações de risco, o Conselho Tutelar solicitou que as mesmas deixem o local antes de segunda-feira. "Viemos por precaução. Recebemos a informação de que a desocupação seria hoje (ontem)", afirmou o conselheiro Vandré Fernando.


Sem nome
O bairro formado pelas 42 casas invadidas ainda não tem nome. O Diário informou, na edição de ontem, que se tratava do Moradias Atenas. Os imóveis, no entanto, ficam próximos a esse residencial.
 
Publicado em MeirinhoMor.Of por RUI RICARDO RAMOS.

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